São Bernardo discute intolerância religiosa


O número de denúncias de intolerância religiosa recebidas pelo Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, cresceu mais de sete vezes em 2012, em relação a 2011. Para discutir ainda mais o avanço, São Bernardo promove nesta quarta-feira (30), uma roda de conversa entre lideranças religiosas e a população sobre o tema Enfrentamento à intolerância religiosa: um convite à reflexão.

O encontro, que marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa (21 de janeiro), acontece no Centro de Referência do Idoso (CRI), às 18h30, com palestra do professor Daniel Souza, mestrando em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo, facilitador nacional da Rede Ecumênica da Juventude e membro do Conselho Nacional da Juventude.

O Brasil é um país laico e de grande diversidade religiosa. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são professadas mais de 30 religiões, cada uma com suas tradições e cultos específicos.

Segundo Daniel Souza, o Estado Laico (aquele que é oficialmente neutro em relação às questões religiosas) garante a equidade e a pluralidade religiosa, assim como a liberdade de consciência, culto e crença. “O que fazemos ao dialogarmos sobre a intolerância e a sua superação é garantir a efetivação desta liberdade garantida no Brasil. A religião forma identidade, dá sentido de vida e orienta as pessoas no seu dia a dia. Por isto, os atos que violam a liberdade religiosa afetam algo que está tão enraizado na pessoa: a sua fé”, diz Souza.

Segundo o professor, o cenário de intolerância é difícil de captar, porque não há mapa preciso de casos e quando as pessoas sofrem violações, nem compreendem isto como intolerância religiosa. “Recentemente aconteceu o episódio de uma criança numa escola pública no ABC que não quis orar junto com a turma e com a professora. A criança era do Candomblé. Este caso nos faz perguntar qual o limite do público e do privado? Qual a efetivação do Estado Laico em espaços como estes? Há muita coisa para se fazer!”, comenta.

Souza acredita que as ações para a superação da intolerância têm mais força se realizadas pelas pessoas no seu dia a dia, para além das estruturas institucionais das religiões. O professor aponta, como exemplo, os grupos religiosos que se juntam para lutar por causa social, como o combate ao HIV/AIDS, além de dar apoio em momentos de luto e sofrimento, como os atos ecumênicos que aconteceram esta semana na cidade gaúcha de Santa Maria.

Para o mestrando, uma ação importante será a criação do Comitê Nacional da Diversidade Religiosa, anunciada dia 22, pelo governo federal, e a assinatura de portaria que prevê recebimento de denúncias. “É uma importante e significativa ação na garantia do direito à diversidade e respeito à liberdade de vivenciar as diferentes confissões de fé (e também não vivenciá-las).

O endereço do Centro de Referência do Idoso é av. Redenção, 271, Jardim do Mar, São Bernardo. Telefone 4126-3675.

(Colaborou Iara Voros)

FONTE: RD Repórter Diário em 29/01/2013

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