CESE apoia caminhada contra intolerância religiosa


Uma das manifestações mais violentas do fundamentalismo é a intolerância religiosa, crescente em alguns setores cristãos no Brasil. O não reconhecimento do caráter laico do Estado e o desrespeito à diversidade religiosa e à liberdade de culto, têm se manifestado de forma bastante violenta e preocupante.
Um dos casos de maior repercussão foi o que vitimou a Iyalorixá Gildásia dos Santos e Santos, a Mãe Gilda, fundadora do Ilê Axé Abassá de Ogum, Terreiro de Candomblé localizado nas imediações da Lagoa do Abaeté, bairro de Itapuã, em Salvador.
Sua morte gerou indignação de lideranças de diversas religiões, processo na justiça e, como forma de reconhecimento, a instituição do dia 21 de janeiro como Dia Municipal de Luta contra a Intolerância Religiosa – que depois ganhou também um reconhecimento nacional.
Nesse dia, há 5 anos, é realizada a Caminhada Contra Intolerância Religiosa com a participação de pessoas de diferentes credos, raças, sexo que clamam o respeito às diversidades e a paz.
O Pastor Djalma Torres, um dos destaques das programações desse dia descreve da seguinte forma sua preocupação com o problema da intolerância:
“Creio, entretanto, que neste momento, a intolerância religiosa que nos preocupa ultrapassa as fronteiras do mundo cristão. Está relacionada com as religiões não-cristãs. Mais particularmente, com as religiões de matriz africana. Todos nós, das diversas igrejas cristãs, temos sido perversos, com raras e honrosas exceções, nas manifestações de intolerância religiosa com essas religiões e seus seguidores.
No princípio a intolerância religiosa no Brasil era praticada só pela Igreja Católica. Os protestantes, que chegaram a partir do início do século XIX, não foram menos intolerantes com essas religiões não cristãs, com poucas exceções, volto a repetir.  Ignoraram a sua fé; desenvolveram contra elas forte preconceito; praticaram racismo sobre negros e sobre a religião de seus ancestrais; demonizaram o seu culto.   E o que é mais grave: recentemente transformaram as suas igrejas/comunidades em instrumentos de perseguição e agressão contra pessoas e casas de culto afro-brasileiras.”
Para isto nos unimos ao convite fraterno da Yalorixá Jaciara Ribeiro: “Por isso, tenho a honra de solicitar a todos que divulguem este ato cultural, religioso e político, que é a a Caminhada de Combate a Intolerância Religiosa, promovendo um processo de empoderamento do evento e data, fazendo com que a morte da nossa heroína Mãe Gilda, em combate contra a Intolerância, não se transforme em apenas mais um evento e sim em um símbolo de nossas lutas, que constrói uma agenda política importante para o povo negro brasileiro, de todas as religiões, instituições e partidos”.
A 5ª Caminhada Contra Intolerância Religiosa, projeto apoiado pela CESE, aconteceu no sábado, 21, com saída no Largo da Sereia, Itapuã, em direção à Lagoa do Abaeté. Um dia antes, na sexta, foirealizado um seminário sobre intolerância religiosa no Terreiro Abassá de Ogun, Abaeté.
Todas e todos foram convidado/as a vestir-se de branco num pedido de respeito e paz entre os povos. Participe!
A data foi lembrada também por evento promovido pela Ouvidoria da Câmara Municipal, em parceria com o Centro de Educação e Cultura Popular (Cecup) e a União de Negros pela Igualdade (Unegro), na Reitoria da UFBA, também no sábado, 21.
FONTE: Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) em 19/01/2012

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.