TAMBORES - Caminhada conquistou apoios inclusive entre pentecostais

A segunda Caminhada Estadual pela Liberdade Religiosa, na manhã de ontem, em Belém, reuniu cerca mil pessoas entre afrorreligiosos de vários cultos (Umbanda, vertentes do Candomblé e Tambor de Mina) e simpatizantes. Organizado por várias comunidades da Região Metropolitana de Belém (RMB), a caminhada defendeu a tolerância entre religiões. Várias pessoas, ao longo da avenida Presidente Vargas até a Praça da República, apoiaram e se uniram ao movimento cheio de cores e dança. Entre um discurso e outro, a caminhada era animada com músicas tocadas nos mais de 18 mil terreiros espalhados no Pará. O tema deste ano foi "Fé e resistência".O coordenador do Instituto Nacional de Tradição e Cultura Afro Brasileira no Pará (Intecap-PA), babalorixá Fábio de Ogun, ressalta que a liberdade religiosa é um dos direitos previstos na Constituição e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Para ele, apesar de haver o Dia Estadual da Umbanda e Cultos Afro (18 de março), o Pará é intolerante, desinformado e preconceituoso. "Infelizmente, se um afrorreligioso sai na rua vestido para fazer uma obrigação, é mal-visto. Aí precisamos sair somente à noite. Esta caminhada visa mostrar nossos direitos e divulgar nossa cultura, além de defender a cidadania. Há quem não conheça os diferentes cultos. Esta não é uma luta isolada. Em todo o Brasil há movimentos ocorrendo. A intolerância é uma das agressões mais graves aos direitos humanos", disse.O superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Isnard Ferreira, também participou da caminhada todo vestido de branco. Ele é católico, mas a esposa dele, Maria Noronha, é umbandista. O casal prega aos filhos o respeito e o espaço às crenças. "Em casa, convivemos muito bem. Sempre acompanho este tipo de manifestação. Não é só ser polícia para fiscalizar. É preciso apoiar o que engrandece o homem e lutar pela liberdade de expressão. Será melhor quando um dia as pessoas puderem abrir e boca e dizer com orgulho que são afrorreligiosos", comentou ao lado da família.A cozinheira Ana Cleide Guerreiro, de 46 anos, também não é afrorreligiosa, mas tem cinco irmãs, dois sobrinhos e um cunhado que são. Ela faz parte da igreja do Evangelho Quadrangular. Apesar da religião mais rígida, afirma não ver problema em cada pessoa ter a própria crença. Por isso, também participou da caminhada. "Desde pequena eu nunca fui contra. Não sou fanática e nem obcecada, então apoio. Não os considero inimigos, afinal, eles também falam em Deus e isso é o mais importante. Onde Deus está eu também estou", opinou.

FONTE: O Liberal em 19/03/2012

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