Ecumenismo contra intolerância religiosa

Por: Franco Adailton
Para marcar o aniversário de dez anos da Lei Municipal 6.474/2004, adeptos de diferentes doutrinas e credos se reuniram nesta terça-feira, 21, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia, no Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa.

Representantes do candomblé, do catolicismo, do espiritismo, do protestantismo e de outros segmentos dividiram o mesmo espaço com o cantor Gerônimo e as cantoras Margareth Menezes, Carla Visi e Márcia Short.

A data marca o dia do falecimento da ialorixá Gildásia dos Santos, conhecida como mãe Gilda de Ogum, cujos problemas de saúde foram agravados após ter sua foto publicada no jornal Folha Universal, da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), sob acusação de charlatanismo.

Filha biológica e sucessora de mãe Gilda no terreiro Ilê Abassá de Ogum, a ialorixá Jaciara dos Santos falou sobre a importância da luta contra a discriminação de credo passados 14 anos desde a morte de sua genitora.

"Essa data já virou um marco. Ainda mais com o anúncio da implantação de um busto em homenagem à minha mãe, que vai representar uma árvore na luta contra essa prática intolerante que, infelizmente, ainda persiste", afirmou Jaciara.

Cultura do respeito

Pároco da igreja de Nosso Senhor do Bonfim, o padre Edson Menezes encara o dia como um ato importante, positivo, que registra a necessidade do diálogo. "A intolerância é absurda. Estamos numa época em que temos de apostar na cultura do respeito mútuo", disse.

Presidente da Fundação Cidade da Luz, o espírita José Medrado acredita que o tema precisa ser ressaltado constantemente. "Porque a intolerância anda de mãos dadas com o racismo e é por isso que temos que promover eventos como esse, para não deixar passar em branco", observa.

O pastor Djalma Torres enxerga os homens como irmãos na Terra, sob a regência de um só Deus. "Qualquer religião que se proponha hegemônica comete um pecado aos olhos de Deus e os homens cometem um crime, com a intolerância", afirma.

Como forma de reparação à memória da ialorixá, a vereadora Olívia Santana (PCdoB) criou a lei municipal que foi convertida na Lei Federal 11.635/2007, de autoria do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), após ser sancionada pelo então presidente Luís Ignácio Lula da Silva.

"Fico muito emocionada em saber que em todo o Brasil hoje (nesta terça) estão ocorrendo diversas manifestações contra a intolerância religiosa", disse, completando: "Geralmente, ocorre o contrário, são os municípios que seguem o modelo nacional".

Segundo Olívia, outra forma de homenagear mãe Gilda será a colocação de seu busto no Parque do Abaeté, o que deve ocorrer até abril. A escultura será feita pela artista Márcia Magno, que também fez a de Zumbi, situada na Praça da Sé.


FONTE: Portal A Tarde em 22/01/2014

           Muitos adeptos do candomblé foram à Reitoria da Ufba prestigiar o evento

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