Fortaleza protesta – 21 de janeiro: Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Por: Sebastian Ramos

Ontem, 21 de janeiro de 2014, Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, reuniram-se na Praça do Ferreira, Fortaleza/CE, representantes de movimentos sociais e instituições, unidos por uma só causa: esclarecer a população sobre o direito à livre manifestação cultural, religiosa e de pensamento; e relatar como se dá, no dia a dia, a luta por essa livre manifestação.

21 de janeiro é um dia significativo: nessa data morreu, em 2000, a Iyalorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos, vítima de infarto, após ver sua imagem no jornal evangélico Folha Universal (edição 39), numa matéria que tinha como título “Macumbeiros Charlatães lesam o bolso e a vida dos clientes”. Em 2007, depois de muita insistência por parte de quem não se calou diante dessa atrocidade cometida em nome da “fé”, a data foi instituída como o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, pelo então presidente Lula.

Nesse ano, com o empenho de Sebastião Ramos, vítima de discriminação perpetrada pela Igreja Testemunhas de Jeová – motivo pelo qual luta com processos em várias instâncias jurídicas –, fundador e presidente da Associação Brasileira de Apoio às Vítimas de Preconceito Religioso (ABRAVIPRE), que convidou movimentos sociais e instituições interessadas por esse debate, realizou-se, a partir das 16h, na Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza/CE, esse ato de comemoração da livre expressão da pessoa humana, mas sobretudo de exigência, por parte da sociedade e do governo, de um tratamento realmente igualitário para com todas as religiões, o que, infelizmente, ainda não é uma realidade em nosso país.

Isso ficou evidente no discurso de nossos irmãos e irmãs que falavam para quem se sentava nos bancos da praça a fim de nos ouvir ou para os transeuntes, muitos dos quais, mesmo apressados, ao ouvir o que era constante em todas as falas – o pedido de respeito a todas as religiões –, ratificavam esse pedido, com sinais de apoio, palmas ou mesmo pequenas interferências.

No coro que pedia/pede respeito, juntaram-se desde católicos e candomblecistas a membros do movimento Hare Krishna, ateus e espíritas; desde representantes do governo a membros de movimentos sociais como o Crítica Radical.

A religião é, indubitavelmente, um meio de o ser humano, através da transcendência e da fé, ter paz consigo próprio e com seus semelhantes, aqui na Terra. Assim, independentemente da crença, ou da descrença, o sentimento de respeito à individualidade de cada ser é o que nos deve nortear quando tratamos do que é diferente. O respeito ao ser humano, portanto, é, no fundo, a base do pedido de amor comum a tantas religiões. Foi justamente esse o pedido feito nesse 21 de janeiro e que deve ser feito por todos, a cada dia. Algumas outras religiões que optaram por não se manifestar. Dia 08 de fevereiro reunião do Comitê Cearense de Respeito à Diversidade Religiosa, todos os interessados estão convidados a participar.


Participaram desse ato os seguintes representantes de religiões, movimentos sociais e instituições:

Alexandre Lima, Erich Soares e Wilton Cavalcante, da Liga Humanista Secular do Brasil (LiHS) – Núcleo Regional do Ceará
Cristiano, da Coordenação da Igualdade Social da Prefeitura Municipal de Fortaleza
Cleia, do Centro de Estudos das Comunidades de Base
Nava Vrinda e Paulo Fernandes, do Movimento Hare Krishna
Leno Farias – Associação Brasileira de Cultura ALAGBA
Rosa, Celia, Juliana do Crítica Radical
Sebastião Ramos, organizador do evento e Presidente da Associação Brasileira de Apoio às Vítimas de Preconceito Religioso (ABRAVIPRE)
Rosa da Fonseca - do Crítica Radical
Tiago, da Pastoral da Terra e Centro de Estudos Bíblicos

FONTE: Jornal Dia Dia em 25/01/2014




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