Polícia hasteia bandeira em terreiro na Federação


Cerca de mil pessoas participaram neste sábado, 16, da cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil e da Bahia, por oficiais da Polícia Militar, na Casa de Oxumarê, na Federação. O evento é considerado um marco para o candomblé, pois foi a primeira vez que a Polícia Militar participou de uma cerimônia oficial em um terreiro.
A solenidade integra as ações que reconhecem o terreiro como patrimônio nacional. Para o babalorixá do terreiro, Silvanilton Encarnação da Mata, o Baba Pecê, a cerimônia representa um ato simbólico de reparação. "Antes, a polícia invadia os terreiros a mando do Estado, cerimônias eram interrompidas e atabaques eram furados", conta.
"Essa solenidade representa, além de um ato de reparação, um avanço contra a intolerância religiosa e o preconceito. Nós não somos folclore, nossa fé é real", ressalta o babalorixá. Depois do hasteamento de bandeiras, os participantes cantaram o hino da casa. Em seguida, foi servido um café da manhã.
O major PM Paulo Peixoto afirma que as invasões a terreiros foram mais fortes nas décadas de 20 e 30 do século passado. Mas ele conta que  o quadro mudou ao longo do tempo.
Conscientização
"Em 2005, a PM criou o Nafro (Núcleo de Religiões de Matriz Africana) e hoje o núcleo tem contato direito com os terreiros, levando mais segurança para estes espaços", afirma o major.
Valdina Pinto de Oliveira, mais conhecida como Makota Valdina, do terreiro Tanuri Junsara, conta que a cerimônia representa uma conquista não apenas para a Casa de Oxumarê, mas para toda a comunidade do candomblé. "É um momento histórico, uma reparação para toda a perseguição que tivemos no passado", afirma.
O chefe de Gabinete da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, Ataíde Oliveira, diz que o ato marca o rompimento de barreiras que se estabeleceram por séculos.

FONTE: Portal A Tarde em 16/08/2014

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